sábado, 29 de janeiro de 2011

Aprendendo a Ser Só.

               

                                                                                        
  
*“Ah! Eu preciso aprender a se só
Poder dormir sem sentir seu calor...”
Ali sentado na mesa daquela boate, esta seguramente era uma musica que não esperava ouvir.
“E ver que foi só um sonho e passou...”
Desde que romperam, não conseguia mais manter um único relacionamento. Tentara sair com algumas mulheres, todas ao final reclamaram que ele só falava na ex- mulher, no nome dela e de todas as coisas que fizeram juntos. Nem notava.
“Ah! O amor, quando é demais ao findar leva paz..”
Ela não era uma mulher que chamasse a atenção não era feia, longe disto, mas se entrasse na boate, no meio de tantas mulheres bonitas não se destacaria.
“Me entreguei sem pensar, que a saudades existe, e se vem é tão triste..”
Quando a conheci estava paquerando uma amiga dela, morena linda, alta, olhos verdes, colega de trabalho. Fomos almoçar e sorte, ela estava almoçando no mesmo lugar. Cumprimentamo-nos e falou para sentar junto com ela e a amiga, pois, tinham acabado de chegar e nem tinham pedido ainda.
“Meus olhos choram a falta dos teus...”
Sentei, ela apresentou a colega dizendo ser nova na empresa. Comecei a conversar tentando dar atenção apenas a morena.
Aos poucos sem perceber, a conversa ficou apenas entre eu e a novata.
Na saída, de volta para o trabalho, continuamos a conversar Carolina, a morena que esqueci o nome, e eu.
“Estes teus olhos que foram tão meus...”
Baixinha, delicada, fala mansa, quase infantil, muito inteligente, ruiva, almoçamos todos os dias da semana, nem percebemos quando a morena não foi mais.
Um dia no almoço, cheguei antes, não percebi, achei que ela não iria vir. Deu uma angústia, um desespero, um aperto no coração. Quando a avistei, fiquei tranqüilo e descobri que estava apaixonado.
“Por Deus entenda que assim eu não vivo, morro pensando nos lábios teus...”
Namoramos, noivamos e casamos. Sua voz sempre teve um efeito de calmante em mim, bastava falar e tudo conseguir. Ao colocar em mim seus olhinhos rasgados, me dava um não sei o que, tinha que beijar sua boca, colar meus lábios nos dela.
“Ah! Eu preciso aprender a ser só, e ver que foi só um sonho e passou...”
Num momento de fraqueza qualquer, fiz uma besteira e pus tudo a perder, perdi o rumo e o sentido na vida, não sabia que caminho tomar, o que fazer.
Só sei que sem ela não viverei
“Ah! O amor...”


ivan de s. machado


*‘ Preciso aprender a ser só” musica de  Marcos  Valle e Paulo Cezar Valle

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SÃO PAULO.

                                             Pode-se dirigir por São Paulo durante uma semana, sem parar e não percorrer todas as suas ruas e avenidas.
Cidade de São Paulo um pequeno e rico país dentro de um grande país.
São Paulo é como o coração e o cérebro de alguém, não vivemos sem eles.
Responsável por sessenta por cento do produto interno bruto.
Seus bairros são verdadeiras cidades, cada um com seus costumes e gente de todos os lugares do mundo. Ouve-se no dia a dia das ruas idiomas incontáveis, pessoas de todas as cores e nacionalidades.
Degustasse comidas, bebidas e iguarias de qualquer lugar do mundo. Comprasse roupas das mais caras grifes do mundo, os melhores carros, aviões, barcos de qualquer calado, iates o que quiser, basta ter dinheiro.
Teatros, cinemas, shopping, por todos os lados. A maior frota de helicópteros do mundo, de carros também.
Metrô, ônibus, taxis, meios de locomoção é o que não falta.
Parques enormes, seja o Ibirapuera, o Botânico, o Zoológico, Guarapiranga, Burle Marx, Do Carmo, o Horto, etc.
Suas avenidas, seus prédios maravilhosos, suas pontes, viadutos, obras de arte da engenharia.
O centro velho com seus palacetes, preservados com autenticidade nos seus estilos mais variados.
Seus museus estão entre os melhores do mundo e com ricos acervos.
Sua gente, seu povo paulistano gentil e educado, que acolhe todos os que para cá vem.
São Paulo, cidade que amo e que só saio a passeio.
Cidade de muitos capítulos e muitas histórias.

ivan de s. machado

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Negro Ser

                

“Que o Espírito de Gandhi desça sobre vós
Faça-os sábios na certeza da vitória,
Torne-os fortes, mas justos ao sobrepujar o inimigo”

Os punhos fechados
Os olhos cerrados
A boca escancarada
Num grito de dor.
O Terror  emitido

A agonia sentida
O medo estampado
Um grito de horror!
      “NEGRO”

Seu canto de Glória
Ecoa na Terra
Como um pranto de Amor!
Tua alma guerreira
De um povo forte e valente
Tinge o Espírito de dor e coragem
Na Guerra e na Paz!

“Uma árvore pode ter dez centímetros ou cem metros de altura,
Se tiver raízes fracas, caíra na primeira enxurrada.
A índole de um povo é como raiz de uma árvore, se as tiver fracas, caíram no primeiro embate”


ivan de s. machado
                                                    

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Velório.

                                                          

 " Àqueles aos quais fui, aos que não pude ir; aos que irei; aos que ao meu irão; aos que não poderão ir"




A morte ronda a fria noite.
Na madrugada úmida, ressoam ruídos surdos e distantes.
Lápides brotam da grama verde como flores em um jardim.
Árvores tremem com o vento que passa silvando por entre galhos e folhas.
Na morgue, em sua cama definitiva como se estivesse dormindo, aguarda paciente e calmo a hora de em seu quarto eterno descansar.
Murmúrios, lamentos, choros e despedidas não abalam o sono de quem esta indo embora.
Preces são entoadas em uníssonas vozes, como um coral a interpretar belas canções.
Cenas que se repetem, parentes e amigos que há muito não se vêem, aqui se encontram e relembram velhos momentos.
Cafés, bolos, sanduiches, salgadinhos, canapés, cerveja, refrigerante e até uísque, fazem o clima de tristeza virar quase uma festa de aniversário. Só falta a música.
 A bebida traz lembranças de momentos alegres, felizes, sorrisos tímidos sem gargalhadas. No rosto de algumas senhoras sorrisos maliciosos, saudades íntimas, segredos que jamais serão revelados por mais belos que tenham sido.
São as últimas lembranças, derradeiras despedidas, a maioria só se reencontrara em outro velório.
Então... até o próximo !


ivan de s. machado


domingo, 16 de janeiro de 2011

Verdes Olhos

que me perdoe Camões, mas
esses verdes olhos que vedes
olhos de filha minha  são
olhos que me miram, observam
olhos que me acompanham
que me vigiam
olhos que me guiam
olhos que me censuram, repreendem
que me castigam que me guardam
verdes olhos que me vedes
são verdes olhos que amo...
que me desculpe Camões... mas,
os que mirem no espelho e na vida a mim
são meus os verdes olhos
que como vedes.
de minha filha... São!

ivan de s. machado

A RAINHA DAS FLORES DO MEIO-DO-DIA.

Toda idéia dominante parte da classe dominante” – Marx

A Rainha das Flores do Meio-Dia é muito metódica, gosta de tudo certo.
Um dia baixou um decreto proibindo as abelhas amarelas de pousarem nas flores do meio-do-dia, assim sem mais nem menos.
Na natureza tudo tem uma razão de ser, algumas coisas vivem minutos outras centenas de anos.
Ao alterar algo já estabelecido, sábia como tem que ser toda rainha, a das Flores Do Meio-dia fez o reino todo questionar, provocando um verdadeiro pandemônio.
Criaram-se congressos, conferências, debates, teses, artigos, crônicas, livros.
Jornais estamparam manchetes em letras garrafais:- “POR QUÊ?”
Por quê? Ora são os porquês que movem a natureza. Existe um por que para tudo, se os há é que de porque em porquês que a natureza cria e recria.
São as perguntas e não as respostas a razão de tudo.
O que horas vive tem em décimos de segundo uma eternidade, nasce, cresce, procria, morre, no tempo que leva um pássaro buscar alimento e ao ninho voltar.
Para aquele que mede a vida em centenas de anos, um dia vale menos que décimos de segundo.
No espaço de tempo que seu reinado dura, exatamente o meio-do-dia, a sábia rainha fez por seu povo o que nenhum outro ou outra ousou:-
“Fê-los pensar.”



ivan de s. machado





sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A ENCHENTE.

Falava tão bonito quase não entendeu a fala do político quando veio aqui, aliás, nem lembrava das palavras só das promessas, jamais cumpridas.
A Chuva começou de madrugada. Não parou mais. 
Por precaução, colocou seus dois filhos para dormir, na parte de cima do beliche.
Não pregou o olho. Ficou de plantão.
E veio o dilúvio. O de Noé durou, mas foi um só, o deles é todo ano.
Acordou as crianças, cobriu-os como pode, pegou um guarda-chuva e saiu.
A água estava nos tornozelos. Quando chegou ao final da rua, encobria os joelhos.
No caminho encontrou a mãe e os irmãos que vieram em socorro. A mãe foi com os netos para sua casa. Ela com os irmãos voltaram para tentar salvar algum pertence e ajudar os vizinhos.
Logo amanheceria e tudo ficaria mais fácil.
A noite fora de terror. 
Muito choro. Gritos de desespero. Quando clareou o dia, chuviscava, a visão da tragédia fez com que, por um atmo de segundo, todos ficassem quietos; observando. Logo voltaram à labuta, contar os prejuízos, verificar o quanto conseguiriam salvar.
Vez enquando, passa boiando um colchão, levando junto suas histórias de amor. Uma cadeira querendo contar quem nela sentava. Até uma geladeira, fechada, cheia de segredos.
Quando entrou em sua casa, e viu seus pertences, lembrou daquele fogão, submerso e cheio de barro agora, ganhou de sua sogra como presente de casamento. A cômoda que seu saudoso pai deu de presente, sem condições de nada dar a ela, reformou a sua, lixou, envernizou, colocou puxadores novos deixando novinha, era o móvel que mais gostava tinha histórias suas e de seus pais. Coisas de gente humilde são sempre assim, com histórias para contar.
 Se Deus quiser, hoje não chove mais não.

ivan de s. machado

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um Dia Na Vida De Um Casal Moderno

Chegou reclamando de tudo. Foi ao banheiro, voltou falando todo tipo de palavrão, por segundo ela ter dito mais de um milhão de vezes que detesta ver cuecas secando no chuveiro.
Nestas horas, como sempre, finge que não está ouvindo nada. Abre a geladeira, pega uma cerveja, abre, enche um copo e leva a ela em uma pequena bandeja.
A encontra estirada no tapete, pernas e braços bem abertos e de óculos escuros.
Deixa ao seu lado, aguarda que tome um ou dois goles. Põe bem baixinho Keiko interpretando "Todo Sentimento do Chico".
Senta ao lado, devagar acarinha seus cabelos, tira-lhe os óculos, os olhos estão fechados. Beija-a suavemente nos lábios, quando vai dar outro, ela enlaça seu pescoço e o beija ardente.
Depois de hora, deitado a seu lado no tapete, pergunta como foi o dia, ao que ela responde:” --Uma merda! E o seu?
-Ah! Legal, meio triste sem você, mas legal. Arrumei a casa, lavei a roupa. Fui ao banco paguei as contas, comprei umas coisinhas que faltavam. Voltei e preparei uma comidinha esperta do jeito que você gosta. Vamos tomar um banho ou quer comer primeiro?
-Não, meu bem! Vamos tomar banho, depois comeremos sua comidinha deliciosa. Depois quero descansar um pouco e organizar minha agenda para amanhã. Você me ajuda?
-Lógico amor, sabe como fico contente quando pede minha ajuda.
-Então vamos logo tomar este banho gostoso que estou morta de fome.


ivan de s. machado

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Folha Seca



A FOLHA SÊCA
SECA AO SOL
JAZ DE NOITE
EM SOMBRAS
ÚMIDA
PARA ACORDAR DESFEITA
LEVADA PELO VENTO
DA MANHÃ!




ivan de s. machado

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vasio

De alhos abertos no escuro do quarto é como se o visse deitado ao seu lado na cama.
Parece ouvir seu roncar suave, constante.
Ainda sente impregnado nos lençóis, nas fronhas, nos travesseiros o perfume, o cheiro inconfundível do seu corpo.
Por momentos chega a sentir o sabor gostoso que só ele tinha.
Passa as mãos sobre o colchão delicadamente como fosse dele a pele.
Suas mãos pulsam como as batidas do coração.
Abraçasse, enrolasse em seus próprios abraços, procurando sentir o mesmo calor do abraço dele.
Se pudesse não acordar. 
Se a falta dele fosse apenas um sonho.
Nunca o quarto pareceu tão grande.
O silêncio tão sufocante.


ivan de s. machado