sexta-feira, 28 de outubro de 2011

LIBERDADE !



Sorria. Sentado em um sofá, cabeça recostada, olhos fechados, recordava o tempo de quando seus filhos eram pequenos, e de como gostava de estar com eles.
Brincavam de tudo juntos, soltando pipas, jogando bola, bolinhas de gude, carrinhos de rolemãs, bater latas, queimada, futebol, pique - esconde, e muito mais.
Finais de semana iam sempre para algum lugar passear, conheciam todos os Parques e Museus de São Paulo.
Permitiu que tivessem todos os amigos possíveis, assim como animais de estimação.
Quando afinal casaram e deram-lhe netos, desde a concepção tratou de aproximar-se deles. Quando nasceram ajudou em tudo, de fraldas a banho.
Acompanhou o crescimento, fez questão de levar e buscar nas escolas, de vê-los em jogos e torcer por eles. Vibrar nas vitórias, consolar e levantar o moral nas derrotas, mas fosse o que fosse estar sempre ao lado.
Não lembrava quando, nem como, mas num certo momento seus filhos passaram a contestar suas palavras:- "Todas elas! ". Depois a não levá-las em consideração.
Logo, suas espôsas e maridos decidiram que era um estôrvo, que só dava trabalho e preocupação. Suas opiniões e seus desejos passaram a não ter mais nenhum valor.
Esqueceram de todos os passeios, de todas as risadas, de toda a felicidade.
O passado, no presente servia apenas para ser esquecido.
Mas, o que doeu mesmo não foi o internato no asilo, nem os netos que não viu mais.
O que lhe doía mais era lembrar-se das flores e das árvores, dos pássaros e das borboletas, dos cachorros e das pessoas, que encontrava todos os dias pelas ruas onde caminhava.

Ivan de Souza machado