quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um Dia Na Vida De Um Casal Moderno

Chegou reclamando de tudo. Foi ao banheiro, voltou falando todo tipo de palavrão, por segundo ela ter dito mais de um milhão de vezes que detesta ver cuecas secando no chuveiro.
Nestas horas, como sempre, finge que não está ouvindo nada. Abre a geladeira, pega uma cerveja, abre, enche um copo e leva a ela em uma pequena bandeja.
A encontra estirada no tapete, pernas e braços bem abertos e de óculos escuros.
Deixa ao seu lado, aguarda que tome um ou dois goles. Põe bem baixinho Keiko interpretando "Todo Sentimento do Chico".
Senta ao lado, devagar acarinha seus cabelos, tira-lhe os óculos, os olhos estão fechados. Beija-a suavemente nos lábios, quando vai dar outro, ela enlaça seu pescoço e o beija ardente.
Depois de hora, deitado a seu lado no tapete, pergunta como foi o dia, ao que ela responde:” --Uma merda! E o seu?
-Ah! Legal, meio triste sem você, mas legal. Arrumei a casa, lavei a roupa. Fui ao banco paguei as contas, comprei umas coisinhas que faltavam. Voltei e preparei uma comidinha esperta do jeito que você gosta. Vamos tomar um banho ou quer comer primeiro?
-Não, meu bem! Vamos tomar banho, depois comeremos sua comidinha deliciosa. Depois quero descansar um pouco e organizar minha agenda para amanhã. Você me ajuda?
-Lógico amor, sabe como fico contente quando pede minha ajuda.
-Então vamos logo tomar este banho gostoso que estou morta de fome.


ivan de s. machado

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Folha Seca



A FOLHA SÊCA
SECA AO SOL
JAZ DE NOITE
EM SOMBRAS
ÚMIDA
PARA ACORDAR DESFEITA
LEVADA PELO VENTO
DA MANHÃ!




ivan de s. machado

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vasio

De alhos abertos no escuro do quarto é como se o visse deitado ao seu lado na cama.
Parece ouvir seu roncar suave, constante.
Ainda sente impregnado nos lençóis, nas fronhas, nos travesseiros o perfume, o cheiro inconfundível do seu corpo.
Por momentos chega a sentir o sabor gostoso que só ele tinha.
Passa as mãos sobre o colchão delicadamente como fosse dele a pele.
Suas mãos pulsam como as batidas do coração.
Abraçasse, enrolasse em seus próprios abraços, procurando sentir o mesmo calor do abraço dele.
Se pudesse não acordar. 
Se a falta dele fosse apenas um sonho.
Nunca o quarto pareceu tão grande.
O silêncio tão sufocante.


ivan de s. machado