quarta-feira, 2 de março de 2011

O Primeiro Beijo.


Andava pra lá e pra cá.
Sempre com uma menina na garupa. Não sabíamos se a mesma, pois, estavam sempre de capacetes.
Uma vez ao passarmos em frente a sua casa, lavava a sua moto, foi quando o vimos, sem ele.
Moreno, alto, Bonito, gostoso, charmoso, descrição de minha irmã mais nova, que apesar disso, é bem mais desinibida que eu.
 Mas eis que um belo dia, sentadas em frente ao portão de casa, surge apenas ele e sua moto. Ninguém na garupa. Minha irmã, cara de pau, chama, assobia, faz gestos. Ele diminui a velocidade, manobra, faz a volta e para.
-Oi.
-Oi! Minha irmã, respondeu, pedindo a ele para levar-nos a dar umas voltas. Logo minha outra irmã, aparece pedindo para levá-la também.
Não se fez de rogado. Da um capacete, que estava preso à moto, para minha irmã cara de pau. Ela sobe na moto e lá foram os dois. Ela toda contente, eu preocupada.
Logo voltam. Dá o capacete à outra, que sobe na moto e vão.
Enquanto a cara de pau ficava falando do quanto gostou, não sabia por que estava apreensiva, parecia que demoravam muito. Mas, passados alguns minutos, voltam.
-E aí, disse, vamos?
Não entendi o porquê, mas senti uma alegria enorme. Coloquei o capacete, subi na moto, e nem dei tchau.
Demos umas voltas pelas ruas próximas para pegar o balanço, o jeito da moto, adaptar seu peso ao meu, meu corpo ao dele.
-Cole em mim! Falou, pegando minhas mãos e puxando mais a frente.
-Colei!
Fomos em direção ao Parque Ibirapuera, na época o principal da cidade. Rodamos pelas ruas próximas, até entrarmos. Ruas e alamedas arborizadas. Fomos a uma espécie de estacionamento, onde demos varias voltas, fazendo “oitos”, “zerinhos”, “círculos”, mostrando habilidade conjunta, ele pilotando eu na garupa.
Paramos. Tiramos os capacetes, descemos da moto e caminhamos até uma pequena ponte encurvada, sobre a água, bem no estilo oriental. Num repente, ele me beijou. Beijei-o também.  Fomos passear por entre as árvores, paramos próximos a uns bancos, aonde sentamos e namoramos, gostosamente. Sentia uma atração, um prazer imenso. Quanto mais me beijava, mais beijá-lo eu queria. Quase não conversamos. Falar pra que?
Na volta, vim agarradinha, apertadinha, bem juntinha dele.
Quando chegamos, vieram correndo e logo entenderam.
Desci. Tirei o capacete. Dei-lhe um beijinho.
-Guarde o capacete, pego amanhã.
 Sorrindo, beijei-o novamente e me despedi.
Ninguém mais andaria naquela garupa, só eu.



ivan de s. machado

Um comentário:

  1. Isidoro:

    Muito bonito, "O Primeiro Beijo". Prende a atenção, desde o começo e surpreendente no final.
    Inteligente!
    Abraço.

    Carlos Sangab

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