sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Psicose.


 Depois de freqüentar alguns dos mais renomados psiquiatras e psicólogos desta nação varonil, posso declarar em alto e bom som que estou curado.
Leio de tudo e de todos e não sinto nada, absolutamente nada, nem frio nem calor, nem dor.
Aliás, voltei a estudar. Só não entendo por que nesta escola tem tantas grades, e a noite tenho que dormir aqui, ainda por cima amarrado com umas correias e cadeados. Estou sempre querendo perguntar, mas depois de tomar o trigésimo remédio acabo esquecendo. Não sei por quê.
Ontem, não estou bem certo, bem, um dia destes qualquer, fui chamado para ser novamente entrevistado por um destes renomados Doutores, assim maiúsculos (fazem questão). Começou perguntando como eu me sentia, se gostava do tratamento, do hospital (ah! Então era um hospital), e outras cositas mais.
Respondi que sim, mas poderia ser melhor, por exemplo, abolir a carne vermelha.
- Por quê? Perguntou.
-A razão é simples! Respondi. A antropofagia, o canibalismo. A carne humana foi substituída pela carne de outros animais, por ser similar a nossa. Isto no século x na civilizada Europa, pelos Vitelenses, antepassados dos Berlinenses, que até então tinham o costume de comer seus próprios pais.
-O senhor chegou a essa conclusão quando?
-Não senhor, esta conclusão não é minha. Fatos históricos são deixados a posteridade por quem os escreveu para quem quer saber, pessoas como eu, que adquirem ou tem o péssimo habito da leitura e que através dela conversam com F.Engel, C Geertz, Z.Baumaln, A. Leon Tiev, E. Marchariam, Jung, Freud, e acabam tendo pensamentos tidos como desconexos, pois, trazem a tona verdades que pessoas ditas normais, não sabem ou sabem e fingem que não.
Outra coisa pressupõe que a esmagadora maioria da população, deste planeta esta destinada a trabalhar para viver sem direitos, e ganhando o suficiente apenas para sobreviver, enquanto a outra dos abençoados por Deus, tem a sagrada missão de nos governar e usufruir de todos os bens materiais e espirituais.
Estas idéias criaram o racismo e a escravidão e justificaram e justificam o extermínio de povos inteiros.
-São deduções que o senhor chegou só ou com ajuda de seus amigos?
-Não cheguei a estas conclusões, nem eles. Já que elas existem há mais de dois mil anos, foram desenvolvidas por um povo chamado Essênio, povo este de onde surgiram as idéias do comunismo e do socialismo e por eles foi implantado e vivido em sua plenitude. Tanto é que do meio deles saiu o maior propagador das idéias do bem comum:- Jesus O Cristo, assim chamado. Meus amigos apenas transcreveram.
-Infelizmente, o senhor está longe de ser considerado curado.
-Enfermeiro! Medique e interne. Falou e mandou o Douto Senhor.

ivan de s. machado

4 comentários:

  1. Corretíssimo!! Gostei do texto.

    Isidoro, em algum lugar da bíblia diz que não devemos debochar dos loucos, acredito que porque no fundo eles são os únicos que reconhecem a loucura que é viver neste mundo onde não sabemos mais o que é certo ou errado. Aliás, sabemos, mas na maioria das vezes temos que nos ajustar à sociedade e assim...
    No fim os loucos somos nós, que achamos que tudo que fazemos, vivemos é normal.

    É tudo meio absurdo, não é mesmo.rss

    Sou fascinada por tudo isso!!

    Beijo

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  2. Acredita se eu disser que fiquei emocionada?
    Fiquei emocionada. Acho que não tenho mais do que isso para dizer!
    A história da loucura (você deve conhecer) é magnífica. Na verdade os chamados loucos no início dos tempos, eram homens geniais!

    A forma como colocou essa genialidade em "quarentena" ou exilada do restante da humanidade é o que se tem feito desde muito tempo.

    E além disso > Falar que quem lê conversa com os autores foi uma tocante pra mim. Pois penso que os livros por muitas vezes é que nos lê.

    Obrigada por comentar em meu blog!

    Sempre que eu puder, te visitarei.

    Um beijo carinhoso

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  3. Olá grande amigo IVAN, (em maiúsculo pela sua qualidade)parabéns pelos textos e todo trabalho deste blog. Que você tenha muito sucesso nesta abençoada escolha. grande abraço...Neves.

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